Um bate-papo com nossa especialista
Há anos, os profissionais de recursos humanos sabem que o bem-estar dos empregados deve ser priorizado, mas geralmente não têm orçamento para implementar essas iniciativas. A pandemia da COVID-19 fez com que a liderança de muitas organizações entendesse que não é bom para os negócios ter empregados com dificuldades físicas, emocionais, sociais ou financeiras. Se a pandemia tem algum lado positivo, é que as organizações elevaram a importância do bem-estar dos seus profissionais. Muitas empresas, de fato, estão colocando o bem-estar no centro das estratégias corporativas.
Para conhecer as maneiras mais eficazes e econômicas de priorizar o bem-estar dos empregados, falamos com a Walderez Fogarolli, diretora da área de gestão de saúde da Willis Towers Watson.
De que forma o bem-estar dos empregados se tornou mais uma prioridade entre seus clientes desde a pandemia?
As adversidades causadas pela pandemia, entre elas, o isolamento, os problemas de saúde e as dificuldades financeiras geraram forte pressão nas pessoas e muito impacto negativo na saúde emocional.
Para construir uma força de trabalho mais resiliente e manter o sucesso nos negócios, temos observado muitas empresas investindo em diferentes programas de bem-estar, de modo holístico, abrangendo os pilares físico, financeiro e social, com um foco maior no pilar emocional.
As empresas acreditam na estratégia de bem-estar como um diferencial competitivo
Nossa mais recente pesquisa “2021 Wellbeing Diagnostic” aponta que as empresas acreditam na estratégia de bem-estar como um diferencial competitivo, e estão cada vez mais procurando alternativas e a ajuda de parceiros capacitados para atender os anseios e as necessidades dos empregados em diferentes momentos de sua vida, por meio da implementação de programas personalizados.
O bem-estar deve estar incorporado nas políticas, nos programas e nos benefícios da organização e ser um norteador para moldar a cultura inclusiva desejada, impulsionando a melhoria da produtividade.
Como a tecnologia possibilitou o bem-estar em um ambiente de trabalho em casa?
A tecnologia se tornou um canal de comunicação vital. Por exemplo, hoje temos a telemedicina como uma grande aliada na avaliação do primeiro diagnóstico, o que evitou durante os altos índices de pandemia que as pessoas se deslocassem para ir a uma clínica ou um hospital. Antes da COVID-19, a telemedicina era um conceito limitado que foi subutilizado. Agora os empregados estão mais confortáveis com a modalidade.
Além disso, vários de nossos clientes no Brasil e no mundo estão implementando diversas ações, que com o apoio da tecnologia ajudam a diminuir a distância e manter o bem-estar de seus colaboradores. Essas ações vão desde a criação de programas de educação para o futuro, com aprendizagem on-line de qualidade, fundo de investimento para cobrir despesas decorrentes do home office para profissionais com menor poder aquisitivo, os tradicionais happy hours virtuais, serviços de teleterapia, vouchers para utilização em aplicativo de alimentação e muito mais.
Nós da Willis Towers Watson também desenvolvemos uma série de soluções para apoiar os nossos clientes no desafio de proteger os colaboradores nesse cenário de pandemia. Recentemente, lançamos o Safe@Work, uma aplicação de análise de risco e controle – que utiliza tecnologia amigável e segura, fornecendo ferramentas tangíveis para proteger as empresas e monitorar a saúde dos funcionários através de pesquisas on-line e resultados em tempo real, por exemplo.
Então, como a tecnologia nos permite envolver efetivamente os empregados sobre seu bem-estar, ao mesmo tempo em que gerenciamos a pressão que o RH costuma ter com o orçamento?
Em tempos de isolamento social surgiram vários recursos digitais focados em nosso bem-estar. Podemos citar diversos aplicativos que, dentre muitas funções, atuam na sensibilização e no engajamento para adoção de hábitos saudáveis, monitoram dados vitais, auxiliam com dicas para equilíbrio emocional e até mesmo gerenciam o progresso e a performance do usuário participante de um determinado programa, como por exemplo, um programa de atividade física.
As atividades realizadas por meio de vídeos possibilitaram uma adesão maior dos funcionários em palestras educativas e até mesmo aulas de ginástica, yoga, orientação nutricional.
O atendimento assistencial também está passando por grandes mudanças com os recursos tecnológicos que estão sendo disponibilizados a cada dia para a teleconsulta, entre eles equipamentos que permitem coleta de dados de exame físico mesmo à distância, como: ausculta cardíaca, pulmonar e outras.
Não podemos esquecer que a tecnologia gera um canal de comunicação essencial para manter o contato social e engajamento do time.
Tendo em vista esses pontos, como as empresas podem garantir que estão abordando o bem-estar de maneira adequada?
Para garantir a eficácia dos programas de bem-estar, os empregadores devem efetuar o levantamento de dados e métricas que permitem verificar adesão, satisfação, alinhamento dos programas oferecidos com as necessidades e anseios dos empregados, além de indicadores de desempenho, ROI (retorno do investimento) e, principalmente, VOI (valor agregado do investimento).
Como exemplo de indicadores de ROI podemos citar a redução do índice de internação e consultas de pronto-socorro de pacientes crônicos. Já no VOI, observamos a redução na taxa turn over, maior atração de talentos, redução do absenteísmo e a melhoria na imagem corporativa frente ao mercado.
Por fim, para as empresas que ainda não sabem como implementar uma estratégia de experiência do empregado e cultura do bem-estar organizacional realmente efetiva, sugiro considerar três grandes etapas: diagnóstico da organização e de seus empregados, plano de ação e implementação de curto, médio e longo prazo e mensuração.