Apesar do atraso tanto na ação sobre as mudanças climáticas quanto no adiamento da COP26 devido à pandemia, um progresso considerável foi feito. A COP26 deve agora prover o fórum para governos e atores estatais negociarem as questões transfronteiriças relacionadas aos impactos das mudanças climáticas e como eles podem contribuir para o progresso, independentemente de seus níveis de riqueza econômica ou desenvolvimento.
O termo “transfronteiriço” aqui é utilizado para reconhecer que as emissões de carbono não se importam com fronteiras ou tendências políticas e, portanto, as soluções devem ser igualmente conectadas e colaborativas. Esta é a essência da Conferência das Partes ou eventos da COP.
Também prepara o terreno para que as empresas do setor privado compartilhem suas experiências, conhecimentos e ferramentas entre si e com o setor público, para que os avanços feitos na avaliação de riscos e na melhor gestão dos custos e oportunidades associados ao aquecimento do clima possam ser realizados.
A mudança climática é um problema perverso e complexo, mas estamos testemunhando um renascimento na análise de risco climático com base em desenvolvimentos científicos nas últimas décadas. Ferramentas tradicionalmente utilizadas pelo setor de seguros e resseguros estão sendo adaptadas para utilizar informações dos modelos climáticos mais recentes. Esses métodos não serão perfeitos, pois nenhum modelo é na verdade, mas podem fornecer um trampolim para maior inovação e um ponto de partida, à medida que empresas e governos enfrentam os impactos das mudanças climáticas e tentam mitigar o aquecimento futuro.
Pode haver muitas grandes declarações de intenção na COP26, e chavões serão compartilhados generosamente, mas o evento deve destacar os incríveis avanços científicos nos últimos anos. Estes estão sintetizados no Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC – AR6) que está sendo divulgado em etapas (o Grupo de Trabalho 1 já está disponível), bem como no progresso feito pelos reguladores e ambientais, sociais e de governança (ESG) em várias indústrias e regiões do mundo. Milhares de artigos científicos são analisados nos relatórios de avaliação do IPCC, revisados por especialistas de todos os setores para fornecer feedback e ajudar na melhoria da experiência no segmento, além de identificar as necessidades dos formuladores de políticas e tomadores de decisão do setor privado em eventos como as COPs.
É um problema verdadeiramente interdisciplinar. Como a comunidade de risco busca entender os impactos climáticos em um sentido holístico, incorporando tanto os riscos físicos quanto os fatores socioeconômicos, é importante que ferramentas e dados sejam disponibilizados para todos de forma aberta e transparente. Isso permite maior inovação e contribuição de instituições acadêmicas, bem como maior acesso, conectividade e oportunidade de colaboração entre usuários do setor público e privado.
É claro que há muitas escolhas a serem feitas e desafios a serem superados, como equilibrar uma abordagem de mitigação focada em carbono versus uma holística para tratar de todos os problemas de sustentabilidade juntos. Entre as perguntas:
O primeiro desafio é trabalhar em conjunto. Trabalhando juntos, podemos permitir o uso mais adequado de dados de modelos climáticos e o desenvolvimento de novas métricas de impacto no setor para criar soluções integradas para a tomada de decisões.
Responsável pela área de Risks and Analytics da WTW e com mais de 30 anos de experiência no mercado de seguros, tem conhecimento em gestão de riscos e seguros para o Brasil e outros países da América Latina.