Nos últimos meses, os Estados Unidos têm acompanhado um aumento dos pedidos de demissão por parte dos trabalhadores, o que eles têm chamado de The Great Resignation. O fenômeno tem levado líderes a reformularem as práticas de suas organizações e adotarem estratégias de retenção para diminuírem a saída de seus funcionários.
No Brasil, a proporção de pessoas que atualmente deixam seus empregos é menor, no entanto, a pandemia e o home office mudaram a visão de muitos colaboradores sobre o significado do trabalho. Ou seja, as pessoas não estão apenas deixando seus empregos, elas estão repensando o que querem da vida e o quanto a empresa está alinhada com seus propósitos e valores.
As restrições impostas pela COVID-19 também modificaram muitos benefícios não salariais, como socialização pós-trabalho e festas corporativas. Para os empregados, principalmente os mais jovens, esses tipos de atividades são importantes para desenvolver o senso de pertencimento e a lealdade à empresa. Sem eles, há menos vínculos que os mantêm conectados.
Diante disso, os empregadores devem adotar uma abordagem orientada por dados para melhorar a retenção, determinando não apenas quantas pessoas estão saindo, mas quem exatamente tem o maior risco de rotatividade, porque estão deixando a empresa e o que pode ser feito para evitar esses desligamentos. Além disso, algumas propostas de valor e a experiência do empregado podem ser fundamentais para as organizações, por exemplo:
A adoção do trabalho remoto e híbrido trouxe para as empresas a percepção de que fornecer aos funcionários a flexibilidade de trabalhar onde e quando quiserem proporciona uma vantagem competitiva relevante no acesso de talentos. A pesquisa de Tendências de Benefícios 2021, da WTW Brasil, mostra que 48% das empresas têm como principal objetivo na estratégia de benefícios aumentar a flexibilidade nos próximos dois anos.
De acordo com o mesmo estudo, a experiência do empregado é a principal prioridade da estratégia de benefícios nos próximos dois anos. É preciso garantir que a remuneração seja competitiva e justa nos mercados de trabalho pós-pandemia, não apenas para novas contratações, mas também para os atuais funcionários. Também é importante modernizar e personalizar benefícios essenciais como de saúde e aposentadoria.
Há uma conexão direta entre o bem-estar dos empregados e os resultados dos negócios. Empresas resilientes devem considerar ações para o bem-estar físico, mental, social e financeiro de seus trabalhadores, por exemplo, diminuindo a carga de trabalho, oferecendo aconselhamento psicológico, assistência comportamental, bem como suporte financeiro e capacitação contínua.
É sempre importante comunicar com clareza quais os objetivos e as expectativas da empresa. A pandemia forçou as organizações a mudarem o formato de trabalho, no entanto, passado o período de maior preocupação os profissionais já querem saber quais serão os próximos passos e a rotina diante da retomada. Para muitas empresas faltou agilidade e transparência para comunicar esse cenário de volta ao trabalho presencial. Portanto, é essencial que os líderes tenham em mente que precisam passar as informações de forma precisa e no tempo certo.
Líderes que têm foco no propósito da companhia criam continuidade na cultura da empresa, enfatizam valores que os diferenciam de outras organizações, impulsionam a mentalidade saudável da empresa em torno de características como agilidade, tolerância a riscos, inovação, segurança, bem-estar, justiça, dignidade e pertencimento, que são necessários para apoiar o crescimento e impulsionar o alto desempenho. Além disso, eles criam ambientes diversos e inclusivos onde as vozes dos funcionários são ouvidas e respeitadas.
Desta forma, vemos que as decisões que envolvem o equilíbrio corporativo devem ir muito além de se estar ou não no escritório. Um número cada vez maior de organizações se atenta à experiência do empregado (EX), com o objetivo de alcançar maior engajamento, melhorar a retenção e, consequentemente, consolidar uma boa imagem como marca empregadora no mercado.