Existe uma analogia criada pelo matemático londrino Clive Humby, que diz que os dados são o novo petróleo do mundo. Sempre que escuto essa frase fico imaginando como seria o mundo sem a coleta de dados. Talvez o seu emprego nem existiria e suas relações sociais seriam completamente diferentes. Já parou para pensar nisso?
Mas essa frase transmite exatamente o momento que vivemos, além de constatar um fato verdadeiro: o enorme potencial dos dados. Um mundo onde não utilizamos dados, é um mundo de desperdícios.
Governos não conseguiriam informações importantes, como arrecadação, gastos, políticas públicas etc.; já as empresas perderiam dinheiro com produtos e serviços sem eficácia e com falhas.
A vida das pessoas também seria impactada. Imagine como seria precificar um seguro de automóvel sem se basear em dados ou como um produtor planejaria sua safra sem informações.
Mas, independentemente do uso, é preciso que haja uma inteligência por trás dos dados para que eles tenham valor. É a partir dessa análise que são extraídas as descobertas capazes de transformar organizações e o cotidiano da população.
Se for fazer uma analogia própria, posso afirmar que, através de uma abordagem orientada por dados, vamos “prever” o futuro para, então, transformarmos o amanhã. Por meio disso, as empresas obterão uma visão única de suas operações e clientes, permitindo aprimorar a estratégia de negócios e adotar de uma forma mais segura a transformação digital.
Elas poderão empregar insights orientados por dados permitindo que as empresas desfrutem da padronização de processos, reduzam os esforços manuais, mitiguem riscos e minimizem interrupções nos negócios, melhorando assim a eficiência das operações em geral. À medida que as empresas adotam uma abordagem cada vez mais digital, a adoção dessa prática se torna um componente crítico para os negócios e garante que elas estejam um passo à frente dos concorrentes.
Inclusive, a pesquisa “Caminhos para a Capacitação Digital” realizada em 2019 pela WTW, mostra que as organizações em transformação digital estão estrategicamente à frente das outras, que ainda não evoluíram nessa direção.
Essas empresas perceberam que o digital vai além da tecnologia e utilizam todos os fatores de alavancagem (cultura, liderança, estratégia digital, gestão de capital humano, processos internos, estrutura e tecnologia) em seu caminho em direção à capacitação digital.
Mas, como a própria pesquisa mostra, para que isso se concretize é preciso uma atuação especial dos líderes empresariais. Segundo o levantamento, 75% das organizações em transformação afirmam que atribuem a seus líderes a responsabilidade pelos resultados de seus esforços digitais.
Diante disso, as empresas procuram criar líderes que continuem se desenvolvendo à medida que a tecnologia digital evolui e que levem a sério as lições da pandemia, que incluem implementar novas estratégias para atrair talentos e formalizar abordagens para medir os resultados do investimento digital.
Além disso, são os gestores que podem incentivar empregados a experimentar, por exemplo, ferramentas que permitam uma maior agilidade e velocidade em relação a processos anteriores. Afinal, se o objetivo da transformação digital é oferecer aos clientes um melhor atendimento e mais informações, os colaboradores também precisam de mudanças e atualizações.
Preciso destacar, também, outras partes deste mundo orientado por dados. Quase toda semana há notícias sobre vazamento de dados, que afetam pessoas e negócios. Há, também, leis sobre a coleta e uso dessas informações, que ao mesmo tempo que protegem, também limitam. E há também instrumentos financeiros, por meio da contratação de seguros, que apoiam as empresas na adequação e mitigação desses riscos.
Por isso, é importante que os líderes saibam identificar, medir e gerenciar dados e resultados digitais, com um modelo operacional ágil, seguro e com inteligência de negócios.
Com as novas tecnologias disruptivas que surgem diariamente, a governança se faz ainda mais fundamental. As organizações precisam garantir o uso de dados de maneira responsável e correta, isso inclui, também, ser transparente sobre como eles são coletados, usados ou monetizados.
Quem reconhecer que a expansão digital é fundamental para um crescimento mais amplo provavelmente prosperará. Aqueles que não conseguem acompanhar terão que lidar com as consequências da desvantagem.
Responsável pela área de Risks and Analytics da WTW e com mais de 30 anos de experiência no mercado de seguros, tem conhecimento em gestão de riscos e seguros para o Brasil e outros países da América Latina.