O mundo gosta do que é novidade. Portanto, fique tranquilo porque minha intenção não é usar o espaço deste artigo para falar da importância de se implementar os critérios ESG nas empresas. Afinal, já estamos em um próximo capítulo no qual temos que pensar na forma como são agregadas e apresentadas essas estratégias.
Estamos em uma fase em que o surgimento dos custos reais para as companhias envolvidas na transição para o ESG testará a profundidade do compromisso com a mudança. O investimento precisa ser impactante e medir o seu retorno também não é uma tarefa fácil que as empresas encontrarão pela frente. Então, quão verídico é esse compromisso que está sendo firmado na sua empresa?
Ao levar esse tipo de preocupação a sério, os líderes empresariais criam o próximo nível de maturidade para o movimento ESG. Muitos estão tomando medidas para tornar os esforços em prol da sustentabilidade mais consistentemente tangíveis, significativos e mensuráveis. Enquanto aqueles que focaram em manter o discurso bonito e agiram pouco também já começam a sentir a pressão para se movimentarem e manter a reputação.
Uma pesquisa realizada pela WTW com executivos de 20 países mostrou que mais de 83% dizem levar a sério o risco reputacional e o colocam entre os cinco principais em toda a empresa, mas 77% não estão totalmente confiantes na prontidão de sua empresa para riscos reputacionais e de ESG. Ou seja, faltam estratégias sólidas que garantam que as mudanças sejam aplicadas da maneira correta. Ou talvez falte ainda compreensão da dimensão do alcance deste tipo de risco.
Colocar em prática o discurso exige entender também a dimensão dos custos. Por isso, é importante concentrar as atenções nos planejamentos estratégicos e na formulação de orçamentos para que os investimentos ESG sejam tangíveis. Os líderes precisam ter a visão a longo prazo, mas também precisam se certificar do que está no alcance para se fazer de forma imediata.
É relativamente pouco reconhecido que grande parte da atividade ESG que existe atualmente deve-se à indústria de seguros que realiza um papel fundamental em ajudar as empresas a compreenderem esses riscos e conseguem direcioná-las a agir de uma forma financeiramente mais viável. Esse apoio é importante para garantir que nenhuma análise seja realizada de forma superficial.
O passo correto inclui implementar estratégias que consideram a governança de forma mais ampla. As ações precisam ponderar a definição de estruturas e processos de decisão apropriados para conselhos e alta administração, bem como medições, análises e protocolos no âmbito empresarial. Isso ajuda a dar uma base para diminuir as preocupações sobre a relevância do ESG.
Além disso, líderes eficazes combatem as preocupações sobre as desvantagens das ações ESG no curto prazo, vinculando as metas ao gerenciamento de desempenho e riscos de longo prazo. Por exemplo, eles tomam medidas para entender e quantificar o impacto ambiental de suas ações, ao mesmo tempo em que refletem os aspectos multitemporais dos riscos climáticos nas estratégias.
Outro ponto é entender a importância da inovação tecnológica diante do cenário. Organizações eficazes usam dados e análises para impulsionar os esforços de ESG. Como tal, informações de clima organizacional, saúde e bem-estar dos empregados ajudam os líderes a prever e medir o impacto das decisões, bem como identificar e abordar riscos e oportunidades específicos.
Enfim, o conceito de ESG estendeu o conceito de cidadania para temas que vão além do social e permeiam outros, tão importantes quanto educação, diversidade, meio ambiente, governança, ética, compliance, sustentabilidade, energia limpa.
Estamos na era de pensarmos no impacto que causamos às pessoas, à sociedade e ao planeta.
ESG não é mais um termo que entrou na moda. Não é mais uma tendência corporativa que daqui alguns anos vai sumir, nem ficará em segundo plano quando o futuro chegar. Sendo bem objetivo, na minha opinião, nunca existiu uma força tão poderosa e relevante que impulsionasse o mercado e os negócios no mundo todo como essa. Portanto, estando pronto ou não, o ESG inevitavelmente terá uma presença ostensiva no futuro de sua organização, ajudando a informar e moldar quase todas as decisões que você tomar de alguma forma. Certamente é um caminho sem volta.