Eventos como a COP27 reforçam a necessidade de trazer as mudanças climáticas para o centro do debate na roda dos investidores e nas grandes empresas. No entanto, não é de hoje que a mitigação do risco climático nos portfólios está no topo das prioridades do setor financeiro, com os gestores de investimentos focados em quantificar o potencial impacto futuro nas operações da empresa e as implicações resultantes nos fluxos de caixa.
De acordo com o The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), organização científico-política criada no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), ainda não estamos no caminho certo para limitar o aquecimento global a 1,5ºC. Para chegar a essa meta deveria haver um corte de 45% nos níveis atuais de emissão de gases tóxicos nos próximos anos.
Diante disso, alguns países já exercem uma pressão maior para que as intenções saiam de fato do papel. O Reino Unido determinou que empresas e instituições financeiras elaborem relatórios sobre os riscos financeiros relacionados ao clima.
A regulamentação também está se acelerando na União Europeia. Atualmente, os investidores que oferecem fundos na Europa descritos como "ambientalmente sustentáveis" precisam explicar como e em que medida utilizam a taxonomia da UE para determinar a sustentabilidade dos investimentos subjacentes.
No Brasil, o Conselho Monetário Nacional (CMN) e Banco Central do Brasil (Bacen) regulamentaram normativos voltados para a responsabilidade social, ambiental e climática, ou seja, com foco em ESG. Mas ainda há muito o que ser feito em termos de regulamentação.
A condução de mudanças significativas começa com divulgações corporativas aprimoradas. As empresas podem demonstrar proativamente seu compromisso com o enfrentamento dos riscos relacionados ao clima, por meio de relatórios como o Task Force on Climate-Related Financial Disclosures (TCFD).
O relatório TCFD foi criado em 2015 pelo Financial Stability Board (FSB) para desenvolver disclosures consistentes de riscos financeiros relacionados ao clima para uso por empresas, bancos e investidores. Suas recomendações, e as de órgãos similares, estão agora sendo implementadas como regulamentos em múltiplas jurisdições ao redor do mundo.
O relatório se tornou uma ferramenta para ajudar as instituições financeiras a definir os riscos, que podem ser imediatos, decorrentes de eventos meteorológicos e mudanças climáticas de surgimento lento; os riscos financeiros que aparecem no processo de transição para uma economia de baixo carbono; e os riscos de ações iniciadas pelos requerentes que sofreram perdas e danos decorrentes da mudança climática.
O processo para implementação desse tipo de relatório não é tão simples, uma boa maneira de começar é conversar com investidores e contar com o apoio de especialistas em gerenciamento de risco que vão conduzir as ações e desenvolver uma estrutura ESG da maneira mais eficaz possível.
O risco que as mudanças climáticas representam para as empresas e os mercados financeiros é real e já faz parte do nosso presente. Nunca foi tão importante para as companhias medir, monitorar e comunicar seu progresso em vários indicadores de práticas corporativas sustentáveis.
Estar atento a essa necessidade ajuda a construir uma importante resiliência para o equilíbrio dos negócios e do planeta.