Danielle e Renata, tudo bem? Obrigada por participarem de mais um podcast da WTW, como os programas de qualidade de vida no trabalho estão cada vez mais disseminados em todo o mundo corporativo, gostaria de ouvir um pouco sobre sua visão do tema saúde física nas empresas e como isso está atrelado ao sucesso e produtividade corporativa.
Vamos começar por você, Rê?
[RENATA ZERBINI] Olá, Adri! Que bom estar mais uma vez aqui com vocês falando de saúde e bem-estar. O que observamos hoje, né Adriana. Hoje os profissionais, eles são submetidos a constantes pressões, provocadas pelo aumento de trabalho, de competitividade, pelas grandes transformações de mercado, e precisam ter motivação e muita disposição para aguentar um ritmo mais acelerado no trabalho. Que está totalmente relacionado à sua saúde física, emocional.
Vale lembrar que a saúde física é fundamental para o seu bem-estar geral. O estilo de vida saudável, incluindo atividade física regular, alimentação equilibrada, gestão do estresse, contribui para a redução de doenças, aumento de energia e a melhoria da disposição para o trabalho. Não podemos esquecer que os funcionários saudáveis eles tendem a ser mais produtivos.
[ADRIANA MACEDO] Danielle, e qual é a sua visão sobre esse tema?
[DANIELLE TOLEDO] Bom, primeiro queria agradecer o convite. No Brasil, segundo os dados do Ministério da Saúde, as doenças crônicas, que a gente chama de não-transmissíveis, são responsáveis por mais da metade de mortalidade e de incapacidade prematura no trabalho. Essas doenças, como a hipertensão arterial, diabetes, os cânceres, e as doenças respiratórias crônicas, elas representam as principais doenças não-transmissíveis consideradas silenciosas, porque elas acabam se desenvolvendo ao longo da vida.
Já a Organização Mundial da Saúde, por exemplo, ela diz que existem 180 milhões de diabéticos no mundo, e até 2030, é possível que esse número mais que duplique.
Por sua vez, a Organização Mundial da Saúde, ela também afirma que é possível alcançar uma redução de até 80% dessas doenças por meio de mudanças do estilo de vida. Como alimentação, prática de atividade física, combate ao tabagismo e uso nocivo do álcool. Todos esses são fatores que a gente chama de fatores comportamentais.
Para mensurar o impacto das doenças crônicas nas suas empresas, então é preciso dimensionar qual o tamanho do absenteísmo gerado por esse tipo de doença. Qual é a perda de produtividade decorrente disso, e qual é a elevação nos custos do tratamento, que costuma se prolongar muitas vezes por muito tempo, uma vez que se tratam de doenças crônicas.
Então nesse cenário, cresce o tempo inteiro a importância de uma boa gestão desses colaboradores, que são o conjunto de ações que buscam fazer o acompanhamento das doenças, para impedir que elas gerem complicações maiores a longo prazo. Então dentro das empresas, é muito importante o incentivo à prevenção, né? E isso passa principalmente por fornecer informações confiáveis sobre a forma como essas doenças se manifestam, o que fazer no caso de surgimento de sintomas, quais são as formas de prevenção e tratamento disponíveis, e quais as complicações que podem surgir a partir daí, se essa doença, ou essa enfermidade, ou esses sintomas não forem acompanhados.
[ADRIANA MACEDO] Tendo em vista os pontos citados, investir em saúde bem como no desenvolvimento de um ambiente de trabalho equilibrado, contribui não só para a saúde do empregado, como também é um diferencial estratégico das empresas. E a própria pesquisa mostrou que há uma série de iniciativas previstas pelas empresas para os próximos três anos.
Nesse sentido, Renata, poderia compartilhar conosco os dados que mais se destacam em relação ao tema?
[RENATA ZERBINI] Nossas pesquisas mostram que o bem-estar físico, ele está em segundo lugar na prioridade das estratégias de saúde nas organizações. 94% dos empregadores referem ser uma prioridade trabalhar a saúde física nos próximos três anos.
Dentro dessas prioridades do pilar físico, 79% das empresas estão preocupadas com o sedentarismo e 60% estão impactadas pelas doenças crônicas. Atualmente no Brasil, 79% das empresas se concentram em iniciativas focadas em atendimento de saúde virtual.
Percebe-se hoje um movimento das empresas em estruturar programas de saúde e bem-estar diferenciados, tá, e personalizados para o seu público. E estima-se que essas iniciativas cresçam 60 pontos percentuais nos próximos três anos.
Para nortear essas mudanças, é esperado que as empresas adotem ações como screening de saúde, que tem como objetivo mapear a saúde da população, os programas que monitoram os portadores de doenças crônicas, como vimos lá em cima, que as empresas têm a preocupação e são impactadas pelas doenças crônicas, e atividades que promovam um estilo de vida saudável.
[ADRIANA MACEDO] É interessante saber que está ocorrendo uma mudança de estratégia na abordagem de saúde física dentro das organizações.
Agora, aprofundando um pouco na preocupação permanente das empresas acerca de doenças crônicas e obesidade, Daniele, quais os impactos mais observados na saúde dos funcionários dentro das empresas?
[DANIELLE TOLEDO] Bom, a obesidade hoje já é considerada uma doença que atingiu dimensões muito além do esperado nas últimas décadas, né?
Por ser um fator de risco muito importante, a obesidade é sim considerada a causa principal de doenças crônicas não transmissíveis, com destaque especial para as cardiovasculares e pro diabetes, né, gerando perda de qualidade de vida, limitação nas atividades de trabalho e lazer, além de impactos econômicos para as famílias, para a comunidade, e para a sociedade em geral. Bom, ambos podem interferir direta ou indiretamente na qualidade de vida, né?
Uma vez que as circunstâncias impostas por essas doenças promoverem alterações nos processos fisiológicos e influenciarem as limitações na vida cotidiana, corroborando sim para uma debilidade do estado de saúde, uma dependência funcional, e podendo ser uma facilitadora de outras patologias, há muitos impactos associados.
Primeiramente, os efeitos que a obesidade, as doenças crônicas tem na saúde podem levar a faltas, afastamentos e até mesmo ao presenteísmo.
Então esses impactos podem sim gerar uma queda de produtividade e de lucro, né, afinal há custos altos para as empresas decorrentes desse absenteísmo e das licenças médicas. Então é muito importante para as empresas realizar o monitoramento, como já foi dito, para aquelas doenças que já existem e adotar um programa de prevenção e promoção de saúde.
[ADRIANA MACEDO] Monitoramento e prevenção, essas são realmente as palavras-chave para evitar que esses riscos aumentem. Renata, há mais algum dado relevante na pesquisa que ainda não abordamos e você gostaria de destacar?
[RENATA ZERBINI] Sim, complementando a Dani, um ponto importante a ser lembrado é que existe uma conexão entre o bem-estar e o desempenho do profissional. Nossas pesquisas mostram que um em cada seis empregados no Brasil referem estar com a saúde física debilitada.
E o que podemos esperar com isso? Bem, um funcionário com bem-estar prejudicado, ele está quatro vezes mais propenso a se sentir esgotado no trabalho e seis vezes mais sujeito a estar desengajado. Então temos que olhar pra isso.
[ADRIANA MACEDO] Com esse cenário, podemos dizer que a empresa que investe na qualidade de vida e saúde do trabalhador está investindo no próximo sucesso, né? Renata, a WTW possui experiência em consultoria de implantação e programas e ações de saúde.
Quais as iniciativas são mais aceitas pelos funcionários com alguma patologia crônica?
[RENATA ZERBINI] Adri, o que estamos observando em nossos clientes é uma tendência em implementar soluções para ajudar na saúde e bem-estar dos seus empregados utilizando os recursos virtuais.
Eles utilizam e nos solicitam apps, o teleatendimento, e as nossas pesquisas também mostraram que os empregados com condições crônicas são mais propensos a usar os recursos virtuais como aplicativos. Em média, utilizam 20 pontos percentuais a mais do que o empregado sem condição crônica.
Em geral, os aplicativos de estilo de vida que abordam nutrição, exercício físico, hidratação, mindfulness são os que possuem uma maior aceitação entre os crônicos. Verificou-se que 60% deles utilizam esses recursos regularmente. Dez pontos percentuais a mais do que os aplicativos de condições de saúde, que possuem uma aceitação de 50%.
Interessante isso, né, Adri?
[ADRIANA MACEDO] Muito interessante, Rê. Esses são dados muito importantes dentro do universo de teleatendimento e devem ser levados em consideração na hora de implantar qualquer programa de saúde. Danielle, o entendimento de que a alimentação está diretamente associada à promoção da saúde é algo que tem sido abordado constantemente e a expectativa é que essa compreensão seja cada vez mais difundida. Nesse sentido, quais são os benefícios do teleatendimento nutricional e ainda, de acordo com a sua experiência, qual o perfil de usuário com maior aceitação desse tipo de consulta?
[DANIELLE TOLEDO] Bom, os desafios para as mudanças dos hábitos e comportamentos alimentares também, eles apontam o tempo inteiro para uma necessidade de ter como foco a prevenção, como a gente já disse aqui algumas vezes.
O atendimento de um nutricionista em uma empresa, ajuda o colaborador a receber uma orientação sempre que ele precise ajustar, adequar a sua alimentação para promover uma mudança de hábitos e quando pertinente, corrigir alguma deficiência nutricional apresentada. Hoje, 60% dos nossos usuários nos procuram com uma primeira queixa de perda de peso. E apenas 15% deles têm como objetivo uma mudança de estilo de vida.
E aí durante o teleatendimento, a gente percebe que essa queixa de perda de peso, muitas vezes ela é somente a ponta do iceberg. A grande maioria da população só nos conhece, nós nutricionistas, como profissionais de passar dieta e nada mais. Mas a gente sabe muito bem que isso não é verdade.
A nutrição, o nutricionista, ele tem um papel enorme em vários casos, o que torna essa nossa profissão tão bonita e necessária.
Por exemplo, você sabia que de acordo com a nossa última pesquisa nacional de saúde feita pelo IBGE, apenas 37,3% das pessoas se enquadram no que a gente recomenda, no que a Organização Mundial de Saúde recomenda e informam consumir cinco porções diárias de frutas e hortaliças? Então ou seja, menos da metade da nossa população se adequa às recomendações nutricionais. Isso traz à tona uma realidade do país onde as pessoas não estão preocupadas com os seus próprios hábitos alimentares, né? O que torna a nossa profissão cada vez mais necessária.
[ADRIANA MACEDO] E Renata, existe algum dado demográfico que nos elucide um pouco mais sobre o perfil desses usuários?
[RENATA ZERBINI] Sim, existe.
Os dados apontam que mulheres entre 25 e 39 anos com salários acima de 4 mil reais e em ótima condição de saúde, essas são as maiores usuárias de aplicativos de saúde. É interessante, né?
Um outro ponto é sobre a confiabilidade desses recursos. 53% dos empregados referem que confiaria mais nos aplicativos sugeridos pela empresa, do que naqueles que ele pode encontrar por conta própria. E 46% dos respondentes da pesquisa, dizem que estes devem ser uma parte essencial dos seus benefícios na empresa em que trabalha.
[ADRIANA MACEDO] Agora voltando para a questão do teleatendimento, Danielle, ainda que esse formato tenha as suas vantagens, sabemos que existem desafios como a inviabilidade de realização de exames físicos, antropométricos e resistência de muitos em confiar em aplicativos.
Tendo em vista esses desafios, quais são os fatores-chave para resultados efetivos na adesão ao tratamento e melhoria da saúde do funcionário?
[DANIELLE TOLEDO] Bom, esses realmente são nossos desafios diários, né? Mas o cuidado integral é sim uma forma preventiva e estratégica de atenção primária à saúde com foco no atendimento personalizado e centrado na pessoa e não somente na doença em si.
E não são somente os resultados dos exames, são os sintomas, são a melhora da qualidade de vida, né?
Apesar do medo em relação aos riscos de um atendimento online pelo nutricionista e dos desafios que a gente tem, técnicos mesmo e logísticos que essa modalidade traz, a consulta online tem se mostrado tão eficaz quanto ao atendimento presencial, pois em qualquer um dos casos, existe acolhimento, apoio, responsabilidade e ética por parte de nós profissionais. Então o mais importante que a modalidade como esse atendimento será feito, se é online, se é presencial, é prezar pela qualidade desse atendimento, com foco em uma nutrição humanizada, uma anamnese bem feita, completa, e a partir dessa avaliação, que aí sim serão definidos objetivos, cardápios e etapas a serem cumpridas ao longo desse acompanhamento profissional.
[ADRIANA MACEDO] Rê, como você tem visto essas vantagens e desafios com base nos clientes que você atende em relação ao teleatendimento?
[RENATA ZERBINI] Embora haja essas limitações da modalidade, os recursos virtuais trouxeram facilidades e muitos empregados julgam que são mais convenientes.
Nossa pesquisa aponta que cerca de 64% dos empregados, referem menos tempo de espera e mais da metade acreditam que a teleconsulta são tão boas quanto as consultas presenciais.
Facilidades estas que podem influenciar positivamente na adesão, e na sustentabilidade dos programas e principalmente, do tratamento.
Além disso, algumas atitudes dos empregadores também podem ajudar na adesão ao programa, ao tratamento, à consulta virtual.
82% das empresas comunicam-se regularmente com os funcionários sobre o seu bem-estar e 59% usam incentivos como forma de aumentar a participação e o engajamento dos seus funcionários nas iniciativas, de programas, ações e campanhas de saúde.
[ADRIANA MACEDO] Interessante.
E para encerrarmos o episódio de hoje, tenho uma última pergunta. Já sabemos os fatores-chave de sucesso para o funcionário, mas e para a empresa, quais as estratégias podem ser tomadas para que a companhia alcance bons resultados em seus programas de nutrição?
[RENATA ZERBINI] Elevar o nível de cultura e bem-estar da empresa reflete diretamente nos resultados.
Identificamos que uma empresa com alto nível de cultura de bem-estar, tem 8% de chance de apresentar empregados com baixo nível de bem-estar, enquanto uma empresa com baixo nível de bem-estar pode revelar índices quase quatro vezes mais elevados do que isso.
E o que podemos fazer para criar esse nível de cultura e bem-estar elevado dentro de uma organização?
Primeiro, capacitar a liderança sobre os recursos que a empresa oferece para que possam engajar e direcionar seus funcionários aos programas de saúde, escutar de forma ativa os seus empregados a fim de entender as suas necessidades e interesses sobre os programas de saúde.
Ter um plano de comunicação robusto que conecte e divulgue continuamente os recursos disponíveis e acompanhar indicadores de forma integrada, são algumas atitudes que as empresas podem tomar para começar a sua jornada em busca de um nível de cultura de saúde e bem-estar mais elevado.
Sabe, Adri, a comunicação contínua e assertiva é o segredo da continuidade do engajamento e de chegar a informação nos empregados.
[DANIELLE TOLEDO] Complementando, a consulta online representa o início do contato com o indivíduo, né? E ali a gente consegue identificar as necessidades específicas, as realizações dos devidos encaminhamentos para a combinação de profissionais de diferentes áreas com experiências complementares.
Assim, a gente consegue garantir uma melhor resposta para a queixa do paciente em questão que são complexos, podendo afetar o corpo e a mente também.
Além disso, boa parte deles, como as doenças crônicas não transmissíveis, né, como eu já citei aqui, a obesidade e os transtornos alimentares, eles são multifatoriais. Ou seja, eles desenvolvem-se devido a muitas causas, sendo inviável o tratamento por um único profissional.
Então a equipe interdisciplinar de saúde deve perceber o paciente como um todo. Com os seus anseios, com as suas dificuldades, com os seus pensamentos, com as suas crenças.
O conjunto de profissionais ele deve sim estar preparado para tratar o indivíduo e não apenas a sua queixa.
[ADRIANA MACEDO] Excelente. Vocês trouxeram muitos dados e informações relevantes no nosso bate-papo de hoje.
E assim chegamos ao final de mais um episódio do podcast Saúde e Benefícios da WTW. Esperamos que você tenha aproveitado essa rica jornada de conhecimento e reflexão sobre o bem-estar físico organizacional. Agradeço às nossas convidadas, Renata Zerbini e Danielle Toledo.
[RENATA ZERBINI] Foi uma ótima conversa, Adri, Dani. É muito prazeroso compartilhar com vocês informações sobre saúde e bem-estar.
Até a próxima.
[DANIELLE TOLEDO] Agradeço imensamente o convite também, Renata, Adriana. Muito obrigado e contem comigo, contem com o time Conexa para o que vocês precisarem.
[ADRIANA MACEDO] Agradecemos a todos vocês por estarem conosco nessa jornada. Se gostou do episódio, não hesite em compartilhá-lo com seus colegas e amigos. Até o próximo episódio do podcast Saúde e Benefícios.
[LOCUTOR] Obrigado por participar do podcast Saúde e Benefícios. Para mais informações, acesse nossas mídias sociais e a seção de insights no wtwco.com.