O sentido do trabalho se transformou ao longo da história. Em nossa sociedade contemporânea, o trabalho se conecta ao conceito de propósito e à ideia de realização pessoal. Concomitantemente, no mundo corporativo, há a ascensão do bem-estar como parte essencial da estratégia de gestão de pessoas. É diante desse contexto que a felicidade corporativa se apresenta como um novo fio condutor para que empresas possam traduzir essas duas premissas na experiência de seus empregados.
Mas essa tal felicidade é realmente possível no trabalho? Quem são os responsáveis por promovê-la? E mais: por que empresas deveriam se preocupar com isso? Nancy Quintela, Diretora de RH na WTW, e Walderez Fogarolli, Diretora de Gestão de Saúde na WTW, compartilharam insights valiosos sobre os estudos que realizaram sobre o tema e é a partir dessas reflexões que vamos continuar a nossa história por aqui. Siga a leitura!
Sonja Lyubomirsky, psicóloga, professora da Universidade da Califórnia e autora de livros sobre felicidade, resume o conceito como: ”a felicidade é a experiência de alegria, contentamento ou bem-estar combinada com a sensação de que a vida é boa, significativa e de que vale a pena.” Pensar sobre a felicidade é um exercício desde a antiguidade, mas ganhou novos contornos com a Psicologia Positiva, lançada por Martin Seligman, e com estudos de neurociência.
De acordo com a Psicologia Positiva, os pilares para a felicidade são:
Estudos da neurociência mostram que existe uma neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do sistema nervoso em sofrer mudanças estruturais e fisiológicas para se adaptar a novas situações, permitindo que a felicidade seja “aprendida”, a partir de práticas e hábitos. Sendo assim, por meio de treinamentos e ações intencionais, é possível vivenciar mais emoções positivas e se preparar para encarar de forma otimista situações desafiadoras.
No trabalho, a felicidade se traduz no nível individual, no senso de pertencimento e realização, e no coletivo, a sensação de segurança e de bem-estar alcançam os mais diversos perfis da organização. A felicidade corporativa realiza em vários pontos de contato, especialmente os intangíveis, como propósito, relacionamentos construtivos, segurança psicológica, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, autonomia, senso de pertencimento, desenvolvimento e reconhecimento. “Um dos princípios da Psicologia Positiva aplicada no trabalho é identificar e impulsionar as virtudes e fortalezas das pessoas, ao invés de focar somente no que precisa ser melhorado. Aproveitando as potências, profissionais tendem a se sentir mais felizes”, afirma Nancy Quintela, Diretora de RH na WTW.
“É fundamental entender que felicidade e satisfação são coisas diferentes. Enquanto a satisfação é algo momentâneo e que reflete uma avaliação racional de algo que se passou, a felicidade é uma avaliação emocional que vai além do momento e permanece, pois tem um sentido mais profundo de propósito”, esclarece Walderez Fogarolli, Diretora de Gestão de Saúde na WTW.
Para as especialistas da WTW que estudam o tema, a resposta é sim. Walderez reforça que com o respaldo da ciência: “validamos que felicidade se trata de um processo educativo, portanto, passível de ser estruturado e praticado. Não significa que tudo será sempre flores, pois desafios e dificuldades existem, pois desafios e dificuldades existem, mas com essa mentalidade, enfrentar situações complexas se torna menos estressante e negativo.” Já para Nancy: “a felicidade corporativa se torna realidade quando se compreende que esta é uma responsabilidade compartilhada entre líderes, RH e os próprios colaboradores.”
A área de RH tem o papel de investigar o assunto na organização, validar iniciativas com a alta liderança e planejar treinamento para líderes e colaboradores exercitarem comportamentos positivos que levem à felicidade. Líderes, por sua vez, têm o papel de promover um ambiente de transparência, confiança, inclusão, desenvolvimento e reconhecimento; é preciso atuar como líder servidor. Colaboradores também são responsáveis pela felicidade corporativa, buscando autoconhecimento, autocuidado e a prática de ações intencionais que proporcionam felicidade, como meditação, generosidade, gratidão, exercícios etc.
Para além do discurso, a felicidade corporativa "como prática" reverbera não apenas em pessoas mais dispostas a encarar positivamente as situações, mas traz resultados em engajamento, menor turnover e até mesmo no uso do plano de saúde. É essencial que empresas estejam atentas ao conceito, que está diretamente relacionado ao bem-estar integrado das pessoas, e planejem suas abordagens considerando a sustentabilidade das experiências positivas, mirando, assim, na felicidade corporativa como um novo modelo de operar.
Quer continuar se aprofundando neste tema? Leia o artigo: Uma pitada de felicidade: o caminho para o sucesso e a satisfação pessoal.