Eu sou Álvaro Trilho, diretor de gestão de riscos da WTW, e hoje tenho o prazer de participar de mais um podcast com um assunto muito interessante.
No episódio de hoje, vamos mergulhar no tema da avaliação patrimonial.
Para isso, contamos com a presença do nosso convidado Antônio Lopez, diretor
da S4 Avaliações.
Vamos ver os vários tipos de avaliação patrimonial, sua utilização e muito mais.
Bem-vindo, Antônio. É um prazer falar com você.
[ANTONIO LOPEZ] Álvaro, o prazer é meu, muito obrigado.
Realmente, fico feliz de ter sido convidado pra gente poder bater esse papo que ele é bem importante.
Eu acho que contribui para segurados, para os corretores, para toda a comunidade dos seguros. O assunto é bastante vasto de avaliações.
A gente vai tentar ser bem assertivo aqui, bem conciso e tentar responder todos os questionamentos.
Novamente, muito obrigado. Vamos lá.
[ALVARO TRILHO] Legal, Antônio.
Então vamos lá, existem diversos tipos de avaliação patrimonial, quais são eles?
[ANTONIO LOPEZ] Olha, Álvaro, são várias as demandas, e diversas fontes.
Se a gente pensar assim, hoje, depois de grandes escândalos que aconteceram aí nos balanços de empresas americanas anos atrás, que eles mudaram as regras de apresentação dos resultados financeiros e obrigaram a fazer, digamos assim, a avaliação patrimonial pelo seu real valor, então uma delas é essa.
No Brasil, se transformou numa lei, que a Lei 11.638, ela é o IFRS, que é o International Financial Results System, adotado por mais de 120 países hoje.
Então, as empresas de capital aberto e com resultados acima de R$ 200 milhões de reais, elas são obrigadas a fazer avaliação patrimonial dos seus ativos.
Ou seja, você não pode inflar mais o seu balanço real e nem pode lançar mais custos de depreciação do que o real.
Então, aí se presta a avaliação.
A avaliação também entra, por exemplo, em questões muito dinâmico, o mercado de M&A, as fusões e aquisições, e as empresas precisam saber qual o patrimônio da outra, quanto que ela vale, quanto que eu vou colocar de proposta na mesa, ou se eu estou vendendo, quanto que eu vou aceitar.
Então, elas precisam saber de valores, e aí entra as avaliações patrimoniais e operações de compra e venda de ativos, ou às vezes uma cisão, por exemplo, de uma operação.
E falando do nosso assunto de hoje, a questão dos seguros, ela é absolutamente necessária, a avaliação para uma definição bastante assertiva do valor em risco.
Isso vai fazer com que o segurado não pague mais prêmio que o necessário se ele, por exemplo, inflar o valor em risco dele, nem que depois ele incorra na cláusula de rateio quando ele declara o valor menor do que o que vale mesmo.
E depois ele vai ter uma surpresa na hora da indenização.
Então, essa avaliação hoje para definição do valor em risco em seguros, ela é absolutamente necessária.
Todo segurado deveria fazer isso, todos os corretores deveriam exigir isso.
Mas é bem importante isso que a gente tá hoje bastante dedicado no mercado a divulgar.
[ALVARO TRILHO] Complementando com a sua resposta, Antônio, eu queria seguir com uma pergunta aqui: por que as empresas devem realizar avaliação patrimonial para seguros?
[ANTONIO LOPEZ] Olha, primeiro eles vão dormir em paz, sabendo que o seguro tá bem feito.
E havendo um sinistro, eles vão ser indenizados de maneira rápida e integralmente por aquilo que eles pagaram.
Então, falamos aí agora a pouco sobre rateio.
Isso realmente é um problema, né?
Às vezes ele pode ser até um problema maior para um risco menor.
Às vezes uma empresa de pequeno porte ela pode fechar caso ela não receba indenização num caso de sinistro.
Então, a gente pode estender essa importância para a continuidade de negócios, aí o jargão do mercado, Business Continuity.
Então assim, é muito importante.
Às vezes você tem associado a isso unidades espalhadas e você tem um sinistro em uma delas, mesmo sendo uma empresa de grande porte, mas ela fornece pras outras e acaba tendo uma função importante e quanto mais demorar o sinistro mais vai demorar para ela voltar à operação.
Então é assim, absolutamente importante.
Eu não sei, Álvaro, se você quer comentar um pouquinho sobre o rateio.
[ALVARO TRILHO] Exatamente, Antônio, muito bem colocado, que você nos trouxe agora e para aqueles que não estão familiarizados com o mundo dos seguros, o que é a cláusula de rateio.
Então, imagine que você segurou um ativo por R$ 1 milhão de reais e teve um sinistro de R$ 200 mil. Na regulação do sinistro, a seguradora, verifica que o ativo da empresa não vale R$ 1 milhão e vale R$ 2 milhões.
Portanto, o cliente está segurando metade do seu risco, consequentemente, a regulação será realizada sobre metade do sinistro, ou seja, R$ 100 mil.
Então, o cliente vai arcar com os outros R$ 100 mil além da franquia da sua apólice.
Agora, seguindo, Antônio, as empresas podem usar o valor contábil para contratação da apólice de seguro patrimonial?
[ANTONIO LOPEZ] Álvaro, não devem.
Existem regras diferentes de depreciação e de lançamento contábil para os valores dos bens.
Então, uma empresa vai comprar um bem, ativa esse bem.
Ou seja, ele passa a ser uma parte do imobilizado, ele vai entrar com valor.
A partir desse momento ele vai sofrer uma depreciação que é uma regra da Receita Federal, ao longo do tempo você não vai conseguir mais repor o bem se você tiver um sinistro, pelo valor depreciado. Como, por exemplo, você vai reconstruir uma parede.
Você não repõe, você não reconstrói essa parede pelo valor depreciado, você tem que ir lá e contratar tudo novamente.
Então é um valor de reposição. Bens que são muito específicos, por exemplo, que são feitos sob demanda para uma determinada indústria, para um determinado fim, você encomenda aquela máquina.
Você não acha essa máquina no mercado secundário para comprar usada, ou seja, aquele valor depreciado, você já não repõe mais aquela máquina, aquele sistema.
Então, você precisa ter realmente uma avaliação para ter o valor certo de reposição desses bens em caso de sinistro.
Então, você tá não só operando dentro das melhores práticas de mercado de gestão de riscos, uma coisa que a gente costuma falar muito nesse aspecto de gestão porque a avaliação é um dos componentes.
Então, na hora que você chega ao resultado de uma avaliação patrimonial para fins de seguro, você tá muito mais tranquilo em caso de sinistro, você não vai, de repente, ter uma surpresa: “Ah, eu contratei pelo valor contábil”, aí você muito provavelmente vai ter um rateio.
Bens que são muito específicos, por exemplo, que são feitos sob demanda para uma determinada indústria, para um determinado fim, você encomenda aquela máquina.
Você não acha essa máquina no mercado secundário para comprar usada, ou seja, aquele valor depreciado, você já não repõe mais aquela máquina, aquele sistema.
Então, você precisa ter realmente uma avaliação para ter o valor certo de reposição desses bens em caso de sinistro.
Então, você tá não só operando dentro das melhores práticas de mercado de gestão de riscos, uma coisa que a gente costuma falar muito nesse aspecto de gestão porque a avaliação é um dos componentes.
Então, na hora que você chega ao resultado de uma avaliação patrimonial para fins de seguro, você tá muito mais tranquilo em caso de sinistro, você não vai, de repente, ter uma surpresa: “Ah, eu contratei pelo valor contábil”, aí você muito provavelmente vai ter um rateio.
[ALVARO TRILHO] Muito bem colocado e com relação às matérias-primas, como devo declarar os valores dos meus estoques de matéria-prima e produtos acabados?
[ANTONIO LOPEZ] Olha, no jargão, os estoques, tanto de produto acabado quanto de matéria- prima no jargão no mercado, a gente chama de MMP.
Ele é um dos componentes, o que a gente cuida na avaliação patrimonial da parte de civil, construções, e MMU, que são o conteúdo, máquinas, móveis, utensílios.
O MMP, que são os estoques, ele é uma conta à parte.
Eles devem ser controlados pelas áreas financeiras das empresas dos segurados e podem e devem ser declarados, e têm algumas regras para isso.
Você pode usar um valor médio mensal, um valor máximo que você tem durante um ano, ou qualquer outra regra que o segurado defina junto com o corretor.
Aí entra um papel de orientação do corretor para melhor abordagem.
Se você tem altos e baixos ao longo do ano, então você tem que adotar uma determinada política.
Se você tem uma demanda crescente de produtos acabados, por exemplo, que também implica em você ter mais matéria-prima, e você precisa endossar constantemente esses valores declarados, então precisa ter um controle bastante apurado desses estoques.
Isso é um controle financeiro contábil, mas o corretor vai poder ajudar na melhor definição, na melhor estratégia de declaração desses valores, Álvaro.
[ALVARO TRILHO] É exatamente isso, Antônio, essa é uma questão muito importante, né?
Então, cada atividade industrial tem suas peculiaridades, no fluxo de supply chain, então desde as matérias-primas até a entrega do produto final no cliente, né?
Então, aqui na WTW, nossa área técnica auxilia os clientes a entender esse seu fluxo logístico e a adequar sua apólice patrimonial para isso, que não basta declarar o valor na apólice.
Você tem exclusões, você tem coberturas que podem ser consideradas na hora da contratação, levando-se em consideração justamente isso que você trouxe, a peculiaridade da cadeia logística. Muito bom. Seguindo aqui, qual deve ser a periodicidade das avaliações patrimoniais?
Ela pode variar de acordo com o tipo de atividade do cliente?
[ANTONIO LOPEZ] Quando a gente fala de periodicidade da avaliação patrimonial, vai depender muito da atividade.
A gente tem segurados com diferentes perfis, por exemplo, uns menos e outros mais tecnológicos, para citar alguma coisa, ou um tipo de risco que varia menos no tempo, por exemplo, uma hidroelétrica, né?
Então, uma hidroelétrica, ela não vai mudar tanto de um ano para outro, não vai ter grandes mudanças nas turbinas, geradores, em todos os sistemas elétricos, todas as construções dela.
É muito mais estável. Agora, indústria farmacêutica, ou uma indústria que tem a ver com tecnologia, por exemplo de TI, isso é muito dinâmico e mudam sistemas de ano a ano, sistemas ficam obsoletos e você precisa realmente substituir.
Então a resposta seria, depende.
Agora, há no mercado a ideia de que seria suficiente que você fizesse uma vistoria, uma avaliação com vistoria física dos seus bens em um ano, no ano seguinte você atualiza esse valor e no próximo ano também.
Então seriam dois anos a mais de atualizações com uma avaliação feita por índices econômicos onde o segurado informa o que teve de baixas e aquisições nos seus ativos e ele recebe um relatório, um PDF, um documento onde ele vai ter o valor atualizado e ele vai poder declarar esse
valor em risco atual por mais 2 anos.
Aí no quarto ano ele faz uma nova vistoria para entender o que mudou até de layout, que mudou de equipamentos, de atualização.
E aí segue esse ciclo de um mais dois anos de atualização, isso seria o que é mais recorrente e mais seguro.
Alguns outros segurados às vezes buscam uma ideia de “Vamos atualizar por mais tempo”, é um risco muito grande porque há um descolamento entre o valor real dos seus ativos e os próprios índices econômicos que ajustam o valor dos seus ativos, então é algo que nós consideramos arriscado e não recomendado.
Então seria um mais dois anos mesmo, Álvaro.
[ALVARO TRILHO] Ok, Antônio, mas para uma empresa contratar é complicado?
Como funciona para ter um laudo?
[ANTONIO LOPEZ] Então, assim, realmente não é complicado a contratação dos serviços.
O que se precisa saber de antemão é o que tem de ativos, ou seja, construções e máquinas e equipamentos.
Quanto mais essa empresa souber, tiver domínio sobre os seus ativos, mais fácil é todo o processo de execução do trabalho, também.
Quanto mais ela for, por exemplo, intensiva em termos de ativos, ou asset intensive, como a gente usa aí no jargão do mercado, ela é mais importante ainda essa avaliação e vai levar mais tempo também.
Então você imagina alguns segmentos, algumas indústrias pode se levar mais tempo e outras menos.
Então o trabalho de avaliação nada mais é do que uma consultoria.
Nós vamos a campo, mandamos nossos engenheiros, eles vão fazer uma vistoria física nos bens, em todos os seus bens, tanto que eu comentei, civil quanto máquinas e equipamentos, vai se levar outro
tempo relacionado ao tamanho daquela indústria e depois desse período investido na vistoria dos ativos em campo se volta ao escritório, ao trabalho de back office, onde se vai fazer os laudos propriamente dito, as avaliações onde são consultados os fornecedores, essa base de dados nossa e se compõe os laudos.
O trabalho então, todo transcorrido com uma parceria muito grande com segurado, ele vai participando com a gente desde o
informações que precisamos, das áreas construídas e dos equipamentos, depois ao longo das vistorias mostrando todos os equipamentos, depois tirando todas as dúvidas sobre capacidade dos equipamentos, ano, modelo, todos os detalhes intrínsecos dos seus ativos.
E então um trabalho que é feito a quatro mãos com o segurado, é muito importante a participação dele, ninguém melhor que o próprio segurado conhece seus ativos.
A gente vai ajudar na organização desses valores, desses itens todos.
Em geral, a gente poderia falar, Álvaro, para tentar ser um pouco mais objetivo, de um ciclo de três meses para uma empresa de médio porte entre o tempo do início das vistorias até a entrega efetiva dos laudos, acredito que três meses a gente consiga cumprir isso.
Então é onde se entra no detalhe, sabe?
Então uma empresa com às vezes 10 mil ativos, você imagina que são 10 mil itens que vão ser avaliados, então é um trabalho bem exaustivo, bem longo, bastante detalhado, mas que dá aquele conforto inicial, que se sabe o valor que está em risco.
[ALVARO TRILHO] Bem, ficou muito clara a importância da avaliação patrimonial para seguros.
Gostaria de destacar ainda que a avaliação é importantíssima quando estamos realizando nossas inspeções de riscos nas dependências dos clientes.
Sem avaliação atualizada, os cenários de perdas podem não estar aderentes à realidade do risco e com isso a apólice de seguro patrimonial poderá ter falhas que prejudicarão a regulação de sinistros futuros.
Então, chegamos ao fim de mais um episódio.
Agradeço ao Antônio pelo seu tempo e ótimo papo.
Agradeço aos ouvintes e esperamos vocês nos próximos episódios do POD+ Seguros.
Antônio, quer deixar algum recado final?
[ANTONIO LOPEZ] Muito obrigado, Álvaro, pela conversa, eu adorei, é um assunto muito instigante, muito extenso, a gente poderia ficar realmente bastante tempo aqui conversando, mas eu me deixo à disposição dos ouvintes e sua pra gente poder fazer, quem sabe em breve, um episódio dois aí com o feedback dessa nossa primeira conversa.
Álvaro, de novo, muito obrigado, um abraço a todos.
[ALVARO TRILHO] Abraço.
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