Uma das mais fortes tendências do mercado previdenciário é o interesse das entidades de previdência em relação às finanças sustentáveis. A agenda ESG avança neste mercado com uma grande variedade de produtos financeiros.
Mas por que este interesse, afinal?
Em primeiro lugar, aderir aos critérios sustentáveis no processo de investimento demonstra que a empresa tem uma atuação mais responsável, baseando a tomada de decisões com um recado claro: cada vez mais nota-se um esforço maior na consolidação da oferta de serviços e produtos ligados às boas práticas ambientais.
Como a sua organização enxerga esta questão? Ela já oferece um plano de previdência aos empregados? Tem um fundo de pensão? Discute internamente se vai adotar estes mesmos critérios seguindo uma tendência que veio para ficar?
O ESG hoje tem duas vertentes quando falamos de previdência complementar e fundos de pensão. Primeiro, o aspecto de investimento, que busca cada vez mais empresas com o carimbo ESG ou com aderência aos seus conceitos para alocação de recursos. O segundo aspecto se refere ao desenho do benefício e à necessidade de adequação e sustentabilidade para garantir o padrão de vida na aposentadoria, o que é um componente social estratégico.
Do lado dos veículos que fazem a acumulação dos recursos para o pagamento da aposentadoria, seja uma seguradora ou próprio fundo de pensão, a abordagem vai além do social. Começa-se a exigir um maior comprometimento com a redução de emissão de carbono, a forma como a empresa trata as pessoas, como se relaciona com a sociedade.
Este conjunto de fatores pode ser utilizado por uma organização para que ela apoie uma forma mais direta de iniciativas que vão além da previdência; ela está presente em toda a jornada de relacionamento da maneira com a qual as pessoas se relacionam com o dinheiro. Tem um lado social quando a empresa apoia o indivíduo na melhor gestão do seu bem-estar financeiro.
A grande questão é como as empresas podem mudar o foco e lidar com este tema tão insurgente. Hoje, quando se fala em educação financeira, as empresas se limitam ao papel de conscientização, mas para que realmente sejamos mais efetivos é preciso caminhar para o lado comportamental, ser mais um agente de mudança, promovendo ações que sejam mais favoráveis ao equilíbrio financeiro futuro.
Não há dúvida de que o tema ESG perpassa as soluções de previdência, mesmo que ainda seja necessário avançar nas regulações e definição de padrões para a indústria, mas certamente é um tema que vai fazer parte da agenda das empresas nos próximos anos. Só não podemos tratar o ESG com superficialidade, apenas como uma estratégia de marketing. Tem que ter sustentabilidade conceitual, ser mais consistente.