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Podcast

Episódio 11: como o seguro de crédito pode proteger as empresas

Julho 26, 2024

Credit and Political Risk
N/A

Em mais um episódio do POD+Seguros, vamos falar como as empresas podem se proteger em decisões estratégicas. Com a ajuda da nossa convidada Marcele Lemos, CEO regional do grupo Coface na América Latina, vamos entender o seguro de crédito como um todo.

Episódio 11: como o seguro de crédito pode proteger as empresas
Transcript:

MARCELE LEMOS O seguro de crédito, ele dá um apoio integral no gerenciamento de risco e também na proteção do fluxo de caixa das empresas. Desde a análise, monitoramento, cobrança até a indenização, permitindo aí com que as empresas possam continuar os seus negócios, desbravar novos mercados de uma forma muito sustentável e protegida com o seguro de crédito.

ANNOUNCER Você está ouvindo o POD+Seguros, uma série de podcasts da WTW onde nós discutimos temas sobre seguros corporativos, gestão de riscos e outras novidades e tendências do mercado.

O seguro de crédito dá um apoio integral no gerenciamento de risco e no fluxo de caixa das empresas.”

Marcele Lemos | CEO regional do grupo Coface na América Latina

ALINE DALINDO Olá, sejam todos bem-vindos a mais um podcast da WTW sobre seguro de crédito. Eu sou Aline Dalindo e hoje eu vou falar aqui com a Marcele Lemos. Oi Marcele, tudo bem? E aí me conta, como que você está nessa vida corrida de América Latina? Eu sei bem que você tem aí uma longa trajetória nesse mercado de seguro de crédito. Conta para gente um pouquinho dessa sua trajetória. Como é que você chegou até aqui como CEO agora da América Latina, da Coface, uma das maiores seguradoras de crédito do mundo. Conta para gente um pouquinho, Marcele.

MARCELE LEMOS Oi, Aline, tudo bem? Um prazer meu estar aqui com você e poder contar um pouquinho da minha trajetória. E poder também falar um pouquinho do seguro de crédito.
Eu comecei no seguro de crédito há 24 anos atrás como analista de crédito e naquela época eu comecei como analista de crédito pra operações de médio e longo prazo na SBCE, que foi a primeira seguradora de crédito no Brasil, a Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação, que era só para o seguro. Crédito à exportação. Era uma empresa do grupo Coface. Ela tinha sede no Rio de Janeiro, naquela época e prestava um serviço de subscrição de risco para o governo federal. As operações, elas eram analisadas por nós e eram rastreadas pelo fundo de garantia e exportação do governo federal. Depois de alguns anos nessa divisão eu fui convidada pra
mudar pra área de seguro de crédito de curto prazo. E nessa área, as operações, elas tinham um lastro privado, né? Um pouco diferente do que eu estava acostumada a ver, que eram operações de project finance, operações maiores, projetos maiores de exportação. E aí eu mudei e fui
como responsável pelo departamento de crédito de curto prazo e a partir daí, meu escopo foi

crescendo cada vez mais e eu fui conhecendo todas as áreas do seguro de crédito. Então isso me ajudou muito. Em 2008, a Coface decidiu levar as operações de exportação para São Paulo, onde já havia uma empresa dedicada ao seguro de crédito doméstico. Então, a Coface já tinha um escritório em São Paulo para o seguro de crédito doméstico e foi aí que me convidaram para mudar para São Paulo. E aqui estou. Desde então, logo eu fui nomeada diretora técnica da companhia e em 2011 eu fui promovida a CEO da Coface do Brasil. Naquela época, eu estava
substituindo o Joel Paillot, que era um francês que já trabalhava há muitos anos no grupo Coface e que havia sido convidado pelo grupo para poder voltar a França e assumir o cargo de diretor global de riscos. Bom, depois dessa trajetória como CEO da Coface do Brasil, em 2020, o grupo me fez um convite para ir para os Estados Unidos e assumir a posição de CEOO regional, Norte América, e em 2021 eu assumi esse novo desafio, né? O qual para mim foi uma experiência assim incrível, tanto profissional como pessoal, mas teve uma curta temporada porque depois
de alguns meses o grupo me convidou para voltar para a América Latina e assumir a posição de CEO LATAM, sendo responsável pelos 7 países na região

onde a gente tem presença direta. E aqui estou eu desde então nessa posição como CEO regional LATAM pra Coface.

ALINE DALINDO Nossa, que superbacana essa história. Eu já te falei que é uma história muito inspiradora e que eu inclusive me inspiro muito na sua trajetória, porque o seguro de crédito, ele está um pouquinho mais de 20 anos aqui no Brasil, na América Latina. E você tem essa carreira todinha em torno dele. Então assim, por ser mulher, por seu mercado também, muito desafiador, muito masculino ainda, porque ainda vem Derivando do mercado financeiro, cada vez mais inspirador ter pessoas e líderes assim como você. Eu também comecei minha carreira lá em 2008 também, ainda era poucas, as mulheres ainda são poucas, né? Mas eu vejo isso um crescimento muito interessante, tanto por parte de interesse das mulheres, e também a questão da nossa possibilidade de conseguir cargos maiores em liderança. Então, nessa sua trajetória, né, qual que foi o seu desafio profissional? Aí puxando a nossa sardinha aí para o seguro de crédito. O que mais te marcou e qual foi esse maior desafio no seguro de crédito, na sua opinião?

MARCELE LEMOS Então Aline, até pra corroborar um pouco com o que você mencionou aí anteriormente. Você sabe que quando eu assumi a posição de CEO, em 2011, naquele momento eu era a única CEO de uma seguradora no Brasil. Naquele momento, já havia tido uma CEO anteriormente, só que naquele momento eu era a única mulher como CEO numa seguradora
no Brasil. Então, assim, quando eu olho daquele momento, de 2011 pra cá, eu vejo que a gente conseguiu evoluir bastante, mas ainda a gente está longe de chegar no que é o ideal. Ainda falta muito, mas que a gente evoluiu, a gente evoluiu. Voltando aí para a sua pergunta, um dos desafios marcantes para mim foi a crise de 15 e 16 que a gente teve aqui no Brasil, né? Eu me
recordo que em 2014 é, a gente havia preparado um business plan para 2015, com as estratégias bem definidas. A gente tinha feito um kickoff com toda a equipe, para todo mundo ficar alinhado com a nova estratégia para o ano seguinte, no entanto, no fim do primeiro trimestre de 2015
a situação econômica foi mostrando sinais, assim, fortíssimos de deterioração. Os sinistros começaram a chegar de forma muito rápida naquela época e em grande quantidade. E naquele momento a gente teve que mudar toda a nossa estratégia, realinhando os novos targets para
o ano. Foi como trocar a roda com o carro andando. Mas, com muita resiliência, é alinhamento e trabalho em equipe. A gente conseguiu lograr um bom resultado no final do ano, com essa
reorganização da nossa estratégia. O grande desafio, de fato, foi mudar a estratégia rapidamente, adaptando ao novo cenário econômico e mantendo toda a equipe alinhada e motivada ao mesmo

tempo, né? Seguindo todos na mesma direção. Acho que esse daí foi um grande desafio que me marcou. E já no seguro de falando um pouco mais assim, qual é o desafio do seguro de crédito, eu creio que o primeiro desafio é a falta da cultura do seguro de uma forma geral, não só aqui no Brasil, mas como em praticamente toda a América Latina, né? Porque o seguro, muitas vezes, ele é visto como um custo e não como uma proteção. E em seguida, o desconhecimento do próprio produto do seguro de crédito. E os grandes desafios financeiros e comerciais que ele pode
trazer para as empresas, para que elas possam se desenvolver garantindo uma sustentabilidade econômica, financeira e protegendo de algo inesperado que possa ocorrer com um dos principais ativos que são aí os seus recebíveis. Eu acho que esse aí ainda é o nosso grande desafio na América Latina. Porque quando a gente olha pra Europa, Ásia e Estados Unidos, a gente vê que são mercados aonde essa cultura do seguro de crédito ela é mais iminente. E aqui a gente ainda tá começando.

ALINE DALINDO É exatamente. Concordo com você, Marcele. A gente tem aqui um desafio muito grande. De crescer, difundir o seguro de crédito na América Latina. Ele é pouco conhecido, bem como você colocou no Brasil e principalmente nos países da América Latina, que são menores. O Brasil tem aí essa questão de ser grande e ter muita multinacional e a gente vê ainda o diferencial que você colocou, da Europa, os Estados Unidos, que tem a sua maturação do produto muito mais além. Aqui a gente está, eu costumo chamar que a gente é um baby, né? Nós estamos engatinhando ainda nesse mercado. Porque se você olha para os números, o Brasil tem um mercado aí, em 2022 de 500 milhões de prêmio, foi até mais de 700 e poucos milhões
de prêmios emitidos em 2022. E na América Latina nós fomos no mercado de meio bi de dólar, né? Quando você fala meio bi, a gente começa a aparecer na cena um pouquinho, vamos dizer bem na foto, mas ainda muito longe, obviamente, dos mercados centenários aí que existem e já são bem difundidos no seguro de crédito. Mas, ao mesmo tempo eu vejo, acredito que você também é da mesma opinião que a gente tem, um mar de oportunidades. Tem muita empresa, principalmente, as empresas que são as locais ou tanto as brasileiras, mas as empresas familiares que estão tendo um olhar ou estão começando a conhecer, obviamente com muita
informação que a gente ainda tem que trabalhar, difundir, pois eu acho que são poucas empresas ainda que conhecem, né? A gente tem muito trabalho realmente para fazer e mostrar que é um mitigador de risco, que tem seus benefícios, que não é simplesmente um seguro. Falar que é uma ferramenta financeira, porque ela tem suas diversas vantagens. O que que você acha que falta para o mercado, Marcele, desenvolver um pouquinho mais? Tem contar a parte da divulgação, né? As redes sociais? Você acha que isso tem ajudado nessa questão que a gente vem vivendo hoje em dia? Como que você vê o seguro de crédito para os próximos anos?

MARCELE LEMOS Quando a gente olha aí o seguro de crédito na América Latina, a gente vem crescendo aí nos últimos 8 anos, uma média de aproximadamente 10%. O que é um percentual interessante, considerável. A gente tem alguns anos que a gente cresceu um pouco mais e outros que a gente se manteve ali um pouquinho abaixo da média. Mas é, quando a gente olha aí essa curva, a gente vê que é uma curva crescente. Então, como você mesmo mencionou, Aline, a gente tem um potencial enorme para poder crescer aqui no Brasil, em outros países também, por essa falta de conhecimento das empresas, da importância do seguro de crédito na estratégia das companhias. E o interessante é que, por exemplo, hoje, quando a gente olha o portfólio das empresas que utilizam o seguro de crédito, mais ou menos 50%, 55% das empresas que possuem o seguro de crédito são multinacionais estrangeiras, europeias, Americanas ou asiáticas. E por quê? Porque lá fora o seguro de crédito ele é mais conhecido

e mais experimentado do que aqui na América Latina. E aí essas empresas, como elas, têm as suas subsidiárias aqui na América Latina e o seguro de crédito faz parte da estratégia das empresas, né? Elas acabam aqui contratando o seguro de crédito. O que a gente precisa fazer é tentar alcançar um maior volume de empresas multinacionais latino-americanas e também empresas locais em cada país, levando aí um pouco mais desse conhecimento do seguro de crédito. Eu acho que hoje as redes sociais, elas têm ajudado bastante. Então aqui no Brasil a gente teve até um exemplo clássico, que foi o sinistro das Lojas Americanas, né? Que acabou
aí praticamente quase todas as seguradoras de crédito, tinham risco sobre as Americanas. E foi muito interessante que durante aquele período que estourou o caso da Americanas, o seguro de crédito, ele ficou muito em evidência, porque aí mostrou muito que muitas empresas, elas

não tiveram perdas maiores porque elas tinham aí o seguro de crédito, dando todo o suporte, iam receber a indenização das seguradoras de crédito. Então eu acho que o seguro de crédito é justamente isso, é uma cobertura para aquilo que você não espera. Igual, por exemplo, a gente tem um seguro de vida, né? Mas eu não quero usar meu seguro de vida, ninguém quer morrer, só não pega o seguro e falar eu quero morrer, por isso eu vou contratar o seguro de vida, então a gente tem o seguro de vida e ele está lá, então numa emergência ele vai ser utilizado, mas uma hora vai acontecer e ele vai ser utilizado. Essa é a grande verdade. Mas assim, falando
um pouco do mercado, na minha opinião, eu acho que um dos grandes changes para esse produto deslanchar seria o reconhecimento do seguro de crédito pelas instituições financeiras, os bancos, por exemplo, como uma ferramenta de mitigação de risco para as operações financeiras. Então assim, no Brasil, alguns meses atrás, houve aí um movimento com a resolução, do
Banco Central. E eu acho que isso é um bom começo na América Latina. Eu acho que esse reconhecimento pelo Banco Central dessa ferramenta como uma mitigação de risco para os bancos, isso daí eu acho que é um passo grande que a gente está dando e que é um game changer para o futuro do seguro de crédito no Brasil e na América Latina.

ALINE DALINDO Bom, imagina, né? A gente que tem tantos anos, né Aline, em seguro de crédito é difícil, a gente é difícil, né e falar. Mas eu diria que o maior benefício é, de fato, possibilitar as empresas a crescerem de uma forma sustentável, podendo explorar novos mercados sem a preocupação de se arriscar em um terreno não conhecido. E como que as empresas elas navegam nesse cenário de incerteza, né? Como é que elas vão continuar
vendendo os seus produtos, buscando novos mercados no meio dessa grande incerteza. Então, assim, voltando um pouco a sua pergunta, o que eu ressaltaria é que o seguro de crédito, ele é um guarda-chuva de serviços, beneficiando as empresas em diversas áreas. Porque, adquirindo o seguro de crédito, a empresa tem todo o seu portfólio de clientes monitorado periodicamente, permitindo maior planejamento das suas vendas. A empresa, ela terceiriza gestão de cobrança, né? Quando há um default para a seguradora e, no caso, por exemplo, do seguro de crédito à exportação, ela conta com um expert no país do comprador para fazer todo esse trabalho de cobrança, gerir

essa cobrança para ela, porque as seguradoras, elas fazem isso. Ela pode utilizar a apólice como uma garantia, para operações com instituições financeiras envolvendo os recebíveis. Então, assim, muitas empresas utilizam a apólice como garantia para uma securitização, uma antecipação de recebíveis, né? Enfim, um seguro de crédito. Ele dá um apoio integral no
gerenciamento de risco e também na proteção do fluxo de caixa das empresas. Desde a análise,

monitoramento, cobrança até a indenização, permitindo aí com que as empresas possam continuar os seus negócios, desbravar novos mercados de uma forma muito sustentável e protegida com o seguro de crédito.

ALINE DALINDO Uau, nossa, essa foi uma aula muito legal. Super te agradeço, Marcele. A gente está chegando aqui no nosso final do podcast assim. Foi muito legal conversar com você. Muito obrigada pelo seu tempo, pela sua contribuição para esse nosso projeto. A gente está muito feliz com isso. E aí eu finalizo aqui agradecendo então a todos que nos apoiam nesse projeto aqui da WTW. Hoje eu conversei com a Marcelle Lemos a CEO da Coface América Latina e mais uma vez Marcele obrigada e pode deixar as suas considerações finais.

MARCELE LEMOS Obrigada você, Aline. Obrigada a todos também que estão nos ouvindo agora. Foi um prazer enorme. Mais uma vez, parabéns pela iniciativa e que você tenha muito sucesso nesse programa.

ALINE DALINDO Muito obrigada, até o próximo episódio.

MARCELE LEMOS Até a próxima. Tchau, tchau.

ANNOUNCER Obrigado por participar do WTW POD+Seguros.

Sobre a moderadora


Líder LATAM em Soluções Financeiras

Mais de 18 anos de experiência profissional no setor de seguro de crédito. De 2008 até agora, trabalhou na TSB-Global (Reino Unido), Lockton, HSBC, Marsh, Aon (Brasil) com seguro de crédito e teve sua própria corretora de seguros no Brasil especializada em Trade Credit.

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Sobre a convidada


Marcele Lemos
CEO regional do grupo Coface na América Latina

Conta com uma experiência de mais de 25 anos no mercado de seguros. Em sua trajetória profissional, liderou a Coface do Brasil S.A como CEO e foi a primeira executiva a presidir uma seguradora multinacional no Brasil, recebendo diversas premiações ao longo de sua carreira.


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