Artigo publicado na Human Resources a 14 de julho de 2023
Frequentemente, e não apenas em momentos como os que vivemos, as organizações procuram reduzir custos. No entanto, é fundamental compreender como essas e outras decisões afetam a capacidade de reter e atrair talentos atualmente e no futuro.
Em muitos países, os carros e seus subsídios são concedidos para aumentar a competitividade, o que não deve ser ignorado. A eficiência tributária obtida também precisa ser levada em consideração. E se o subsídio representa a opção mais adequada para o colaborador, para outros a compra de um carro ou o leasing de carros de baixa emissão pode ser a melhor opção e costuma reduzir a carga tributária das empresas. As empresas procuram assim encontrar soluções adequadas às necessidades e bem-estar dos colaboradores e, o benefício automóvel será provavelmente o benefício mais complexo que os recursos humanos têm de gerir, sobretudo em mercados como Portugal, onde este benefício é bastante valorizado por parte dos colaboradores e o benefício tem sido usado para compensar em espécie a remuneração dos colaboradores que dele usufruem.
A gestão de custos faz parte da agenda há bastante tempo e espera-se que assim continue, e não foi a principal prioridade das empresas que nos últimos 12 meses e também não será nos próximos. Tanto as que reviram ou tem com objetivo rever a sua política automóvel, tem como prioridade o alinhamento com as melhores práticas de mercado/serem competitivas e introduzir políticas amigas do ambiente.
A atual situação de falta de veículos para substituição, a demora no processo de fabrico e entrega e, consequentemente o aumento de custos dos veículos e das respetivas rendas, introduzem mais um desafio na gestão do benefício.
Na minha opinião um aspeto a não ignorar é eficácia que as decisões atuais terão a médio e longo prazo, dado que a política automóvel não é algo que seja revisto todos os anos. Também o impacto emocional que o benefício tem nos colaboradores afetos a eventuais mudanças, são elementos que devem ser considerados pelas empresas quando tomam decisões e introduzem alterações tanto a curto como a médio prazo.
Num mercado em que existe disputa de talentos, as empresas têm usado este benefício como elemento de atração e retenção, apesar dos custos elevados que representam. Mesmo sendo possível diminuir o peso financeiro da frota automóvel se as empresas tomarem decisões com base na sua tributação e fiscalidade, efetivamente não existe uma verdade absoluta sobre qual é a melhor opção para cada caso concreto, sem uma análise prévia a todos os custos e impacto para a empresa e para os seus colaboradores.
O impacto emocional de um carro não deve ser negligenciado e, no nosso país, ao contrário de outros, o impacto emocional de atribuição de um carro é fortíssimo e é pouco provável que se altere apesar das circunstâncias atuais. Existem muitos exemplos em que uma marca e modelo incorretos ou a ausência deste benefício têm sido um fator decisivo na hora da tomada de decisão.
A monitorização da política automóvel e de mobilidade influenciará o quão bem uma empresa gere os seus custos e se mantém competitiva. Os RH e a Gestão de Frotas podem usar dados de mercado para entender as práticas de um determinado país, e no caso de Portugal em que cerca de 40% das empresas recebe as orientações a nível global e regional, há um desafio acrescido de evidenciar o que é praticado no país e quão valorizado este benefício é pelos colaboradores.