A Diretiva da Transparência Salarial da EU visa através das medidas propostas continuar a combater a discriminação remuneratória e ajudar a colmatar as disparidades remuneratórias em função do género, na União Europeia, tal como já tinha sido instituído pela Lei 60/2018, ao aplicar o princípio da igualdade de remuneração entre géneros. Esta Diretiva é de cumprimento obrigatório e os Estados-Membros terão até 7 de junho de 2026 para transpor as medidas para a legislação local.
Salientam-se algumas das principais medidas, tanto na esfera das empresas, como na esfera dos trabalhadores:
As empresas que não tenham uma estrutura e arquitetura de funções e, as políticas necessárias que ajudem a justificar as diferenças salariais, quando existem, estão preocupadas com as reações dos trabalhadores a esta maior transparência salarial. Esta realidade cria um sentido de urgência para melhorar a governança dos processos de desenho e gestão da remuneração.
É sabido que a base para uma maior transparência salarial pode ser reforçada por via de uma arquitetura de funções e de um sistema de avaliação de funções que permita às empresas identificar trabalhadores que, em diferentes funções, executam trabalhos de igual valor de forma consistente e objetiva.
Mesmo as empresas que já tenham iniciado este caminho nem sempre têm os dois elementos. Em estudos realizados pela WTW em 2023, foi verificado que empresas que tinham estabelecido um sistema de avaliação de funções, apenas pouco mais de metade tinha uma arquitetura de funções em vigor.
No mesmo estudo, as empresas que dizem ser eficazes a comunicar questões de remuneração e equidade salarial aos gestores e colaboradores, têm duas vezes mais probabilidade de comunicar como o salário base individual é determinado/progride, assim como é que as ranges salariais são planeadas e geridas. São igualmente duas vezes mais propensos a referir a confiança nos planos de remunerações em virtude do aumento da comunicação neste âmbito.
É por isso essencial que as empresas avaliem se têm os dados, ferramentas e as metodologias analíticas necessárias para apoiar as análises necessárias à equidade salarial e que deverão ter de partilhar com as diferentes partes interessadas. Esta etapa é crítica para equipar as empresas no trabalho de preparação dos gestores e dos seus trabalhadores.
Através destas ferramentas, as empresas estão a fornecer uma narrativa de remuneração confiável para todas as partes interessadas, a assumir um compromisso para um local de trabalho inclusivo e a melhorar a experiência do empregado.
Mas mesmo no melhor cenário, em que a remuneração seja determinada por um conjunto de critérios objetivos e todas as funções pagas dentro de uma faixa competitiva, a perceção de subjetividade pode não ser afastada. Afinal, quantos de nós acreditamos que temos um desempenho acima e que vai além das exigências da nossa função?